Wagner Moura é um tesouro nacional. Sem o charme do ator, "O agente secreto" dificilmente seria tão irresistível, com uma duração de quase de 2h40 que não parece ter mais do que uma hora.
Kleber Mendonça Filho é um dos melhores cineastas brasileiros vivos. Responsável por belezinhas como "Bacurau" (2019), "Aquarius" (2016) e, claro, "O som ao redor" (2012), o diretor usa do humor e da ironia que marcam sua obra para discutir a relação complicada do Brasil com a própria história recente – mais especificamente com a ditadura militar.
O filme, que tem tudo para conseguir uma indicação na categoria internacional do Oscar 2026 e até em outras categorias, pode não ser necessariamente o melhor que cada um realizou separadamente.
Mas, com a união de duas das mais celebradas forças do cinema brasileiro, "O agente secreto" estreia nesta quinta-feira (6) finalmente no país como algo mais do que a soma de suas partes – e coroa um momento especial para a indústria nacional depois de sua primeira estatueta, conquistada por "Ainda estou aqui", em março.
Depois de um começo arrebatador, provavelmente um dos melhores dos últimos anos, o filme constrói uma viagem gostosa por gêneros, expectativas e referências.
Ecos do reconfortante "Retratos fantasmas" (2023), excelente documentário no qual Mendonça Filho visita os cinemas de rua de Recife (PE) que marcaram sua juventude, garantem uma nostalgia até para quem não cresceu nos anos 1970 na região.
O maior divisor de gostos deve ser mesmo o final. Súbita e inesperada, a conclusão adota até uma linguagem diferente para quebrar qualquer estrutura mais convencional usada até então – e pode ser frustrante para muita gente.
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| Wagner Moura em cena de 'O Agente Secreto' — Foto: Divulgação |
Agente em fuga
"O agente secreto" começa com o retorno do protagonista (Moura) para sua cidade-natal, nos anos 1970. Apoiado pelo próprio título, o filme leva seu tempo para iluminar o passado do personagem, um homem claramente em fuga de um passado violento, com aliados misteriosos e uma relação tensa com autoridades.
Ao tratar uma premissa pesada com leveza, o roteiro do cineasta transforma o que poderia ser um thriller convencional – e até um pouco previsível – em uma possível reflexão um tanto mais humana sobre o absurdo da normalidade em tempos anormais.
Enquanto o herói desvenda o perigo iminente e tenta arrumar uma forma de escapar com o filho, Mendonça Filho brinca com gêneros e insere o realismo fantástico da lenda urbana da perna cabeluda.
Também desenvolvida com paciência e filmada com um ponto de vista perturbador, a narrativa mostra os ataques de um membro decepado que aterroriza os moradores de Recife – e prova que diretores também podem, sim, se divertir na realização de uma obra.
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| Vila Santo Antonio, no bairro da Boa Vista, no Recife, foi cenário do filme 'O agente secreto' — Foto: Victor Jucá/Divulgação |
Mais Tânia Maria, por favor
À exceção da perna cabeluda, nenhum objetivo do cineasta daria (tão) certo sem o carisma de Moura. O protagonista do ator baiano de 49 anos esconde nos olhos a resignação temporária e a dor inconfundível de quem precisa viver uma vida que não é sua.
Com pouco concreto sobre seu passado, o público só consegue criar a conexão necessária com o personagem graças ao turbilhão de emoções constante contido logo abaixo da superfície.
Ok, isso não é totalmente verdade. Ele é ajudado por um elenco notável de personagens secundários que dominam todas as suas cenas, desde o delegado nepotista (Robério Diógenes) ao imigrante que fugiu do fascismo europeu apenas para sofrer com as indignidades de um regime autoritário brasileiro (o sempre ótimo Udo Kier).
Entre eles, é impossível ignorar a atuação de Tânia Maria, a grande revelação de "O agente secreto". Depois de um papel de estreia menor em "Bacurau", a agora atriz descoberta por Mendonça Filho ilumina a tela sempre que aparece como uma espécie de mãe postiça de um grupo de refugiados.
O único defeito de sua participação é que ela poderia ser maior.
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| Ítalo Martins, Robério Diógenes, Wagner Moura e Igor de Araújo em cena de 'O agente secreto' — Foto: Divulgação |
Nada é perfeito
Assim como fez em "Retratos fantasmas", o diretor muda tom e linguagem para a conclusão da história. Sem spoilers, dá para ver ali um reflexo da falta de conexão que o próprio Brasil tem com seu passado recente – e com uma tentativa quase consciente de ignorar memórias que fazem parte da base do que o país é atualmente.
Por um lado, é preciso reconhecer que a transformação acontece tão de repente que aumenta a ilusão de que a duração não tem como ser maior do que duas horas – ainda mais depois de uma perseguição tensa, filmada com o olhar de alguém que domina o gênero.
Por outro, no entanto, não deixa de ser frustrante deixar para trás aquela história, por mais que a ideia seja essa mesmo e que o inevitável desfecho seja bola cantada desde o momento em que as primeiras cenas com jovens pesquisadoras nos dias atuais cortam a trama principal.
Também é possível discutir o vilão, retratado com um maniqueísmo que até funcionou em "Bacurau", mas que soa deslocado em "O agente secreto". Um protagonista tão complexo cresceria com um antagonista que fosse além de um magnata maligno racista nepotista e misógino.
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| Hermila Guedes, Licínio Januário, Wagner Moura, João Vitor Silva e Isabél Zuaa em cena de 'O agente secreto' — Foto: Divulgação |
E o bi? Vem?
O Oscar 2026 acontece só em 15 de março de 2026, então ainda há um longo caminho a ser percorrido. Por ora, pelo menos dá para dizer que o filme brasileiro é uma das quatro produções praticamente garantidas na categoria de melhor internacional, ao lado do norueguês "Valor sentimental", do francês "Foi apenas um acidente" e do sul-coreano "Eojjeolsuga eobsda" ("No other choice", em inglês, ainda sem título no Brasil).
Mas não é um ano fácil. O norueguês aparece em diversas listas de indicados a melhor filme, assim como o francês – o que os coloca em posição mais favorável na categoria internacional.
Muitos especialistas de Hollywood também colocam Moura como um provável indicado na categoria de melhor ator. A revista "Hollywood Reporter", por exemplo, até vê o brasileiro como favorito para ganhar.
Muita coisa deve acontecer até lá, no entanto. A campanha começa de fato agora, e tudo ainda pode mudar.
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por Redação g1
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